Preciso falar para entender.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

15 anos - Dia 5 do diário.

Estou tão esgotada mentalmente que não tenho vontade de nada, nem de escrever, nem de estudar, trabalhar, nada.
Mas reajo para que nem tudo fique insurpotável.
O meu marido de vez em quando me chama para conversar.
Conversar para o meu marido: Ele fala, grita, esbraveja, conta mentiras, faz conceitos e preconceitos tendenciosos e eu não posso falar. Costumo dizer que é uma sessão de tortura, física e psicológica.
Então, comecei a gravar essas conversas.
Essa semana parei para escutar algumas, olha não sei como suporto isso. É inacreditável a falta de coerência no raciocínio e no desenvolvimento do diálogo, diálogo não monólogo. Como não posso falar ele acaba se perdendo na linha de raciocínio.
Essa semana ele me pegou para cristo de novo, eu tenho até paciência mas eu consegui falar dessa vez. Tipo ele, 45 minutos e eu 10.Tá bom.
Acho que é um cara que fez muitas traições e quem trai acha que será traído, julga os outros por si. Fica paranóico, lógico.
Nessa ultima conversa ele concordou e já marcou um psiquiatra, eu na verdade acho que ele está ficando com alguma doença da cabeça. Digo que é depressão que ele tem mas ele está com umas coisas estranhas como o meu pai com alzehimer está. Umas mudanças bruscas de comportamento. Mas só que a dele é calculada, ele é o cara que todo mundo quer estar por perto e as mulheres querem ao lado, pq na frente dos outro eu sou a rainha bem e super mega tratada, coberta de ouro.
Nessa altura você pode estar pensando, mas que mulher ingrata, são só umas coisinhas. Pode ser, junte isso durante sete anos.
Quando me mudei para a casa que moramos hoje, tudo mudou.
As reclamações começaram, a implicância com meu filho piorou a ponto de ele fugir de casa.
Foi ficando tão ruim que eu convidava amigos para estarem aqui quase todos os dia porque com gente em casa ele era bacana.
Eu fazia o jantar e na hora de servir ele brigava porque eu servia na hora do jornal. Parei de servir na hora do jornal ele reclamava porque era tarde, ou por que estava ao telefone ou porque eu estava implicando com ele. Não bastando, sentávamos a mesa e não podíamos falar, era hora do jantar e não se fala jantando. Só entre nós três, porque se tiver mais alguém ele fala, dele. (Faz sentido, viu como é bom escrever!). Durante muito tempo tinha convidados, mas com o passar do tempo fui enjoando eu não sabia disfarçar minha tristeza. Foi onde virei a chata e me isolei, mas me escondi e me isolei. Eu não conseguia mais parar de chorar quando encontrava alguma amiga que eu tivesse intimidade, dela eu não me escondia. Mas amiga preferiu acreditar na máscara de bacana do que na minha dor. Era ingratidão e exagero eu escutava. Aqui tenho que esclarecer que não me escondo, se não sou feliz ou se não gosto não sei dissimular e é aí que ele ganha de mim. Sempre feliz e sorrindente como pode ter defeito?
Agora nesse momento enquanto escrevo, percebo que estou indo para outra fase. Estou mais atenta em mim, preocupada zero com ele ou sua opinião, aliviada por não achar o que ele vai achar e não querendo pensar nem um pouco em como fazer ele ficar bem.
Eu sou minha prioridade, estou me sentindo abandonada, largada, desamparada mas é só uma condição, eu estou aliviada por começar a tirar essa faca da minha cabeça. Ele teve 15 anos para fazer nossa união estável, não fez porque não quis, nosso apartamento seria registrado em meu nome, mas não colocou, tudo para me manter sob controle. Agora isso não tem mais importância, estou tão esgotada que parei de pensar e querer controlar o que não posso.
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15 anos - Dia 2 do diário

Para saber, nem sempre foi ruim assim. Por muito tempo reinei absoluta e me mostrei agradecida, mas com o tempo estar agradecida não bastava mais.

Hoje acordei e fui ter minha rotina de cuidar da minha mente. Fiz o que gosto, caminhei em um lugar lindo me preparando  para o que me esperava.
Liguei para o meu marido que estava na casa do vale e lógico, fui atendida com frieza e rispidez, já esperava por isso.
Perguntei se o esperaria para o almoço do dia das mães e ele disse que almoçaria sozinho sozinho em qualquer lugar. Eu  disse que o esperaria em casa, desliguei e voltei para a minha casa.
Havia combinado com minha família de almoçarmos fora, mas por conta do dia das mães, tudo estaria muito cheio. Recebi uma ligação da minha mãe quando chegava em casa que me disse que eles optaram em vir para minha casa por causa dos transtornos de um dia comemorativo, tudo ficaria demorado, cansativo e dispendioso. Adorei! Amo receber e amo cozinhar.
Minha mãe e meu marido chegaram juntos, ele com flores na mão, mas devo dizer que é para que porteiros e vizinhos o apreciem, mas chegou com flores. Me entregou........aff
estou tão enjoada que não tenho disposição de falar dele, olhar para ele, falar com ele, estar perto dele, não suporto mais ele... voltei (dia seguinte) vou tentar relatar essa tortura.
Me entregou as flores com cara feia, sentou-se conosco para aguardar o almoço e falou, adivinhe só, dele, dele, dele. Cara feia, reclamações. Eu gosto de me arrumar, sempre foi assim e ele sempre gostou de me mostrar, não por mim, mas para as pessoas verem que ele tem a mulher mais bonita (não sou), mais elegante(sou), a melhor isso ou aquilo. Eu na verdade não sou nada disso e nem tenho nem nunca tive preocupação com a opinião alheia.
Me arrumei com uma saia que havia comprado há meses e ela nem sonhava em fechar, deixei guardada para presentear alguma amiga magra, mas a saia me entrou hoje e a usei e adorei o resultado, mas só para ficar dentro de casa. Em determinado momento ele olha para mim e diz, essa saia pode ter servido em vc na largura porque na altura ela ...nem lembro mais o que veio. Minha mãe que nunca se mete, se meteu e interrompeu a palhaçada, até porque ele sempre me quis de roupas muito sensuais para que ele fosse julgado de "o fodão" fora de casa.
Nosso almoço do dia das mães foi muito bom, sem ele que se isolou no quarto porque o foco do dia não era ele, e ele não poderia ser um cara legal afinal ele estava sofrendo pq a mãe dele teve o privilégio de viver até 96 anos, mas não, ele não tem a capacidade de ser agradecido, só de reclamar.
Eu e minha casa e minha família temos todas as condições de sermos uma família feliz e saudável. Mas um elo dessa corrente tem um interior mau, não pensa no outro se não tiver holofotes e isso faz nossa vida em comum ser um horror, porque sem platéia ele tira a máscara.
Ele tenta compensar tudo com uma vida financeira confortável, é generoso, não nos falta nada material. Aí vc pode estar pensando, uau como deve ser bom. É muito bom, mas chega uma hora que fica tão, mas tão caro sabia, que estou duvidando.

sábado, 11 de maio de 2019

Meu casamento ruim. Dia 1 do diário de 15 anos.


11/05/2019

Chegamos a 15 anos de vida em comum.
Contrariando tudo que imaginei, as coisas pioraram bastante.
No momento tenho questionado minha sanidade, de tanto ele insistir que não estou bem.
Uma angústia no meu peito me faz estremecer de nervoso pensando em como eu não tenho capacidade de perceber onde estou errando.
Vou então tentar manter um diário para poder acompanhar essa evolução doentia.
Hoje as coisas estão muito ruins. Eu tenho certeza que ele é manipulador e calculista, leva as coisas aonde ele quer num maniqueísmo doentio e eu nunca percebo, nunca entendo ou não quero entender.
Vou tentar descrever a última semana:

Recebemos amigos em casa, temos uma casa na cidade e uma em um vale lindo há uns 300 km de distância.  Foi agradável, ele como sempre foi o centro das atenções, falou seu assunto preferido o tempo todo ELE,  não dando chance para que outros falassem.  Ou se não está falando dele está falando de mim, bem, mas fala muito de mim a ponto de eu pedir para mudar o foco.
Acabado o fim de semana agradável começamos nossa viagem de volta para a outra casa. É sempre uma tortura, ele corre, dirige perigosamente, não pode ter nenhum carro na frente dele, um stress que tento superar.
Sempre ao chegarmos em casa de volta o clima já está estranho, sem platéia não tem mais diálogo nem aparências, fica uma coisa pesada, tensa.
Eu naõ consigo lembrar o que aconteceu, mas no domingo mesmo eu me encolhi em meu canto e não consegui mais falar com ele durante a semana, um dos motivos? Eu nem consigo completar uma frase e ela já está ou me interrompendo ou me criticando com rispidez. Na terça-feira dei um abraço nele, ele me afastou na mesma hora e disse que a noite estaríamos juntos pq naquele momento ele estava muito ocupado. Pensei, mas a noite ele está ocupado no whastapp,  ou nas infinitas ligações e quando ele termina tudo já é tarde.
Me encolhi e fiquei na minha durante toda a semana. Ele só perguntava se eu viajaria com ele para a outra casa do vale, uma insistência pouco habitual, eu respondia que sim.
Aí tenho que explicar porque, ele e a empregada lá da nossa a outra casa se não estão tendo caso, começaram hoje. Vi mensagens trocadas entre os dois no msn, depois ele apagou,  além de uma profunda intimidade entre os dois pessoalmente.
Já reincidente, ele já teve um caso com uma outra empregada, essas são as que vi, então não me sinto louca.
Por isso (penso eu), a insistência dele em saber se eu iria. Eu iria até, mas não tinha vontade. Então a noite eu disse que não iria e isso não mudaria em nada seu percurso, tempo de viagem, logística. Ele só iria com o banco ao lado sozinho, pq eu ali tb não faço diferença.
 A noite estávamos jantando, tentando conversar e quando acabou o jantar eu me levantei para saírmos e ando mais rápido que ele e ainda estava com um sapato machucando meu pé, de modo que nem dava para eu pensar ou parar. Mirei a porta e fui.
Ele veio atrás já quase aos berros dizendo que ainda me faria passar vergonha por deixar ele para trás, entrei no carro e ele veio esbravejando do restaurante até em casa. Eu quieta, rezando baixinho para Deus me dar equilíbrio e não explodir. Em um determinado momento falei calma, tá bom, eu aceito me separar de vc, eu te liberto.  Mas o que eu digo não importa, fui ignorada, ele veio falando coisas sem sentido até em casa. Entre elas que não poderíamos nos separar porque não teríamos como manter nosso padrão etc, etc, etc...
Chegamos em casa e eu rezando a Deus para continuar no equilíbrio. Consegui, arrasada porque nessas horas eu tenho os piores pensamentos da face da terra.
Fui deitar, mas eu sofria tanto por dentro que pensei que eu ia ter um derrame ou algo igual.
Bem, dormi e de manhã ele me acordou com um café. Hãnnnnn?
Não quis o café e continuei dormindo. Ele já estava se arrumando para sair e veio me perguntar aonde que almoçaríamos no domingo dia das mães. Bem, meu equilíbrio foi-se. Explodi!  Por que eu iria almoçar com ele no domingo? Qual o sentido disso? Ele respondeu que queria ver minha mãe, eu retruquei que a mãe era minha e que ele ia almoçar aonde ele quisesse, menos comigo.
Aqui também tenho que explicar umas coisas. Ele tem uma preocupação quase doentia em parecer um cara legal.
No momento estou com poucos amigos, pois os amigos que temos são meus que se apegaram a ele, e ele é um cara maravilhoso que todos querem estar por perto o tempo todo. Eu sou a fodida, que diz o que pensa, que não se preocupa em agradar, e se não está bom eu não sei esconder. Ele um mestre do disfarce. Dancei.
As pessoas gostam da ilusão, da mentira. Mas como amigo, convívio esporádico ele se torna realmente maravilhoso. Foi por isso que me apaixonei por ele também.
Agora estou escrevendo isso na paz da minha casa, quando penso que ele vai voltar meu coração fica apertadinho. Eu não reconheço esse homem, não foi com ele que me casei.
De vez em quando ele solta que gosta de uma briga para ter a reconciliação, só não percebeu que eu não. Eu gosto da tranquilidade contínua.
Não temos problemas nenhum, todos com saúde, trabalhando, financeiramente estáveis, falta amor, admiração. Olho para ele e só vejo um vazio. Gosto dele, aquele homem que amo ainda está aqui dentro de mim, mas esse desconhecido não tem meu afeto.
Para não esquecer, não raramente quando vou falar algo com ele começo com, posso falar uma coisa, você não briga não, e digo uma coisa boba que em nenhum lugar da vida daria briga. Para começar uma frase com o marido eu preciso pedir calma e atenção é porque acabou mesmo não é? E quase nunca consigo concluir o meu raciocínio.
Agora, também não sou mais a mesma, tenho consciência da minha mudança, do meu amadurecimento, temos 20 anos de diferença, quando começamos a namorar eu tinha 39, uma garota cheia de energia como todas aos 39 e ele com 59 anos também cheio de energia. A própria experiência de envelhecer é dolorosa mas traz resignação, por isso não entendo muito ter piorado, era para estarmos mais fortes, mais ligados, mais amigos. Mas esse tempo nos afastou. Volto amanhã, esse texto foi longo só para situar você um pouquinho na história. 


Vou contar a minha rotina aqui.

Olá, não tenho tido a capacidade de perceber as coisas. Dizem que nós mulheres fazemos o que queremos com os homens. Não é verdade, case-se com um ser manipulador, articulado e mentiroso que você vai ver se consegue. Ahhh e sendo mentiroso, ele nega todos esses adjetivos ou insultos, não sei.
De agora em diante contarei minha rotina e tentarei ser o mais sincera que puder ou lembrar.

Encontrei eesa matéria marivolhosa e esclarecedora sobre relações abusivas.

Duvidar de mim é a meta.....dele.

Eu não sou psicóloga,nem estudiosa do comportamento humano.  Mas uma coisa que já entendi, as pessoas vítimas de um relacionamento abusiv...