11/05/2019
Chegamos a 15 anos de vida em comum.
Contrariando tudo que imaginei, as coisas pioraram
bastante.
No momento tenho questionado minha sanidade, de tanto ele
insistir que não estou bem.
Uma angústia no meu peito me faz estremecer de nervoso
pensando em como eu não tenho capacidade de perceber onde estou errando.
Vou então tentar manter um diário para poder acompanhar
essa evolução doentia.
Hoje as coisas estão muito ruins. Eu tenho certeza que
ele é manipulador e calculista, leva as coisas aonde ele quer num maniqueísmo
doentio e eu nunca percebo, nunca entendo ou não quero entender.
Vou tentar descrever a última semana:
Recebemos amigos em casa, temos uma casa na cidade e uma em um vale lindo há uns 300 km de distância. Foi agradável, ele como sempre
foi o centro das atenções, falou seu assunto preferido o tempo todo ELE, não dando chance para que outros
falassem. Ou se não está falando dele está falando de mim, bem, mas fala muito de mim a ponto de eu pedir para mudar
o foco.
Acabado o fim de semana agradável começamos nossa viagem
de volta para a outra casa. É sempre uma tortura, ele corre, dirige
perigosamente, não pode ter nenhum carro na frente dele, um stress que
tento superar.
Sempre ao chegarmos em casa de volta o clima já está
estranho, sem platéia não tem mais diálogo nem aparências, fica uma coisa
pesada, tensa.
Eu naõ consigo lembrar o que aconteceu, mas no domingo mesmo eu me encolhi
em meu canto e não consegui mais falar com ele durante a semana, um dos
motivos? Eu nem consigo completar uma frase e ela já está ou me interrompendo
ou me criticando com rispidez. Na terça-feira dei um abraço nele, ele me
afastou na mesma hora e disse que a noite estaríamos juntos pq naquele momento
ele estava muito ocupado. Pensei, mas a noite ele está ocupado no whastapp, ou nas
infinitas ligações e quando ele termina tudo já é tarde.
Me encolhi e fiquei na minha durante toda a semana.
Ele só perguntava se eu viajaria com ele para a outra casa do vale, uma insistência
pouco habitual, eu respondia que sim.
Aí tenho que explicar porque, ele e a empregada lá da
nossa a outra casa se não estão tendo
caso, começaram hoje. Vi mensagens trocadas entre os dois no msn, depois ele
apagou, além de uma profunda intimidade entre os dois pessoalmente.
Já
reincidente, ele já teve um caso com uma outra empregada, essas são as que vi, então
não me sinto louca.
Por isso (penso eu), a insistência dele em saber se eu
iria. Eu iria até, mas não tinha vontade. Então a noite eu disse que não iria e
isso não mudaria em nada seu percurso, tempo de viagem, logística. Ele só iria
com o banco ao lado sozinho, pq eu ali tb não faço diferença.
A noite estávamos jantando, tentando conversar e quando acabou o jantar eu me levantei
para saírmos e ando mais rápido que ele e ainda estava com um sapato machucando
meu pé, de modo que nem dava para eu pensar ou parar. Mirei a porta e fui.
Ele veio atrás já quase aos berros dizendo que ainda me
faria passar vergonha por deixar ele para trás, entrei no carro e ele veio
esbravejando do restaurante até em casa. Eu quieta, rezando baixinho para Deus
me dar equilíbrio e não explodir. Em um determinado momento falei calma, tá
bom, eu aceito me separar de vc, eu te liberto.
Mas o que eu digo não importa, fui ignorada, ele veio falando coisas sem sentido até
em casa. Entre elas que não poderíamos nos separar porque não teríamos como
manter nosso padrão etc, etc, etc...
Chegamos em casa e eu rezando a Deus para continuar no
equilíbrio. Consegui, arrasada porque nessas horas eu tenho os piores
pensamentos da face da terra.
Fui deitar, mas eu sofria tanto por dentro que pensei que
eu ia ter um derrame ou algo igual.
Bem, dormi e de manhã ele me acordou com um café.
Hãnnnnn?
Não quis o café e continuei dormindo. Ele já estava se
arrumando para sair e veio me perguntar aonde que almoçaríamos no domingo dia
das mães. Bem, meu equilíbrio foi-se. Explodi! Por que eu iria almoçar com ele
no domingo? Qual o sentido disso? Ele respondeu que queria ver minha mãe, eu
retruquei que a mãe era minha e que ele ia almoçar aonde ele quisesse, menos
comigo.
Aqui também tenho que explicar umas coisas. Ele tem uma
preocupação quase doentia em parecer um cara legal.
No momento estou com poucos amigos, pois os amigos que
temos são meus que se apegaram a ele, e ele é um cara maravilhoso que todos
querem estar por perto o tempo todo. Eu sou a fodida, que diz o que pensa, que
não se preocupa em agradar, e se não está bom eu não sei esconder. Ele um
mestre do disfarce. Dancei.
As pessoas gostam da ilusão, da mentira. Mas como amigo,
convívio esporádico ele se torna realmente maravilhoso. Foi por isso que me
apaixonei por ele também.
Agora estou escrevendo isso na paz da minha casa, quando
penso que ele vai voltar meu coração fica apertadinho. Eu não reconheço esse
homem, não foi com ele que me casei.
De vez em quando ele solta que gosta de uma briga para
ter a reconciliação, só não percebeu que eu não. Eu gosto da tranquilidade
contínua.
Não temos problemas nenhum, todos com saúde, trabalhando,
financeiramente estáveis, falta amor, admiração. Olho para ele e só vejo um
vazio. Gosto dele, aquele homem que amo ainda está aqui dentro de mim, mas esse
desconhecido não tem meu afeto.
Para não esquecer, não raramente quando vou falar algo
com ele começo com, posso falar uma coisa, você não briga não, e digo uma coisa
boba que em nenhum lugar da vida daria briga. Para começar uma frase com o
marido eu preciso pedir calma e atenção é porque acabou mesmo não é? E quase nunca consigo concluir o meu raciocínio.
Agora, também não sou mais a mesma, tenho consciência da minha mudança, do meu amadurecimento, temos 20 anos de diferença, quando começamos a namorar eu tinha 39, uma garota cheia de energia como todas aos 39 e ele com 59 anos também cheio de energia. A própria experiência de envelhecer é dolorosa mas traz resignação, por isso não entendo muito ter piorado, era para estarmos mais fortes, mais ligados, mais amigos. Mas esse tempo nos afastou. Volto amanhã, esse texto foi longo só para situar você um pouquinho na história.
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